SAÚDE MENTAL: DEBATE SEM FIM

Trinta anos depois do início da discussão sobre o tratamento dispensado a doentes mentais, provocada na sociedade brasileira pelas críticas do italiano Franco Basaglia, que em visita ao país, em 1979, denunciou a violência dentro de manicômios, o debate permanece rico, cheio de controvérsias, sem um ponto final. Verdadeiros depósitos de gente, como se via naquele período, não existem mais. Ninguém pode dizer, entretanto, que os 36 mil pacientes internados atualmente em sanatórios da rede pública ou credenciada ao Sistema Único de Saúde (SUS) vivem em condições ideais. No centro da polêmica, que envolve questões de direitos humanos, pontos de vista médicos discrepantes, ideologia, paixão e até interesses financeiros, está a instituição psiquiátrica. Um mal necessário — recurso imprescindível para pessoas com distúrbios graves — ou um modelo falido?

A política de saúde mental brasileira aposta na última opção. Trabalha para fechar leitos em hospitais especializados e, ao mesmo tempo, ampliar uma rede comunitária. De outro lado, familiares de doentes e médicos denunciam a desassistência provocada pela reforma psiquiátrica no país. O Correio encerra hoje a série “Cidadania e Loucura”, que fez uma radiografia dos serviços públicos na área da saúde mental, trazendo à tona esse debate. A discussão atinge em cheio grande parte dos 38 milhões de brasileiros que precisarão, em algum momento na vida, de atendimento na área. Hoje são 6 milhões de pessoas com doenças graves e persistentes, tais como esquizofrenia, psicoses, distúrbios de humor e deficiência mental elevada. fonte:C.B

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